terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Brother Ali / Barack Obama



Recostado na sua cadeira, uma cadeira larga e quebrada

E polvilhada com cinzas,

O papá passa os canais, toma outro

Cálice de Seagrams, simples, e pergunta

O que fazer comigo, um rapaz novo e verde

Que nem considera a

Falta de sentido do mundo, desde

Que as coisas se me tornaram fáceis.

Fixo os olhos na sua cara, um olhar

Que lhe afasta a testa;

Estou certo que ele não tem consciência dos seus

Negros olhos de água, estes que

Balançam em diferentes direcções,

E dos seus lentos e indesejados espasmos

Que demoram a desaparecer.

Oiço, aceno abertamente até tocar na sua pálida,

Camisola bege, gritando,

Gritando nos seus ouvidos, pendurados

Com lóbulos pesados; mas ele está a contar

A sua piada, e então pergunto-lhe por que

Parece tão infeliz, ao que me responde….

Mas eu não quero mais a porcaria da resposta, porque

Passou todo o tempo, e por baixo da

Minha cadeira eu tiro o espelho que guardei;

Eu rio-me, rio-me à gargalhada, o sangue escorre

Da sua cara até à minha, e cresce

Um pequeno lugar no meu cérebro, algo

Que deverá ser extirpado, como se fosse um

Caroço de melancia, com os

Dois dedos.

O papá toma outro cálice, simples,

Repara na pequena mancha de âmbar

Nos seus calções, igual à que eu tenho nos meus, e

Faz-me cheirar do seu cheiro, e este vem

Apenas de mim; ele passa os canais, recita um poema antigo

Que escreveu antes de a sua mãe falecer,

Levanta-se, grita, e pede

Um abraço, assim que eu encolho, com os meus

Braços mal conseguindo dar a volta

ao seu grosso e oleoso pescoço, e às suas costas largas; porque

Eu vejo a minha cara emoldurada na

Armação preta dos óculos do papá,

E descubro que ele também se ri.



Barack Obama

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