segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

não desenroles tanto a noite...

não desenroles tanto a noite

em tua pele. não equipares ao corpo

o tropel das palavras

na toalha. não encalhes em mim

tanta beleza. aperta

a blusa. recolhe do meu rosto

os teus olhares, alguma lágrima

brilhando sobre a mesa.

sossega. é cedo ainda

para o deserto trepidante

do desejo. não julgues saber já

que desenlaces

o meu corpo procura

sobre o teu. nem eu te ofereço

o armadilhado morango

do amor. apenas peço

que adormeças,

que dês lugar na cama

ao meu fantasma.

coloca o coração

numa órbita prudente. talvez não tarde

o tempo,

o lugar onde eu te diga

as palavras que desligam

os alarmes que instalei

em toda a alma.


Luís Miguel Queirós

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