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O que estava a pensar significava uma despedida da maior parte das relações da sua vida; quanto a isso não tinha ilusões. Na verdade, as nossas vidas estão divididas, e partes delas cruzam-se com as de outras pessoas; o que sonhamos depende do acto de sonhar, mas também dos sonhos que todos os outros têm; o que fazemos tem a sua razão de ser em si, mas mais ainda com o que outras pessoas fazem; e as nossas convicções ligam-se a outras que só numa ínfima parte podemos ver como nossas. Conclusão: pretender agir a partir de uma realidade plena que seja só nossa é, por isso, uma exigência absolutamente irrealista. E precisamente ele acreditara sempre que é preciso partilhar as nossas convicções, ter a coragem de viver no meio de contradições morais, porque é esse o preço das grandes realizações. Estaria ele pelo menos convencido do que pensava a propósito da possibilidade e do significado de uma forma de vida diferente? De modo nenhum! E apesar disso não podia evitar que o seu sentimento fosse atraído por isso como se tivesse diante de si os sinais inconfundíveis de uma realidade pela qual esperara anos a fio.
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Robert Musil
sábado, 13 de fevereiro de 2010
...And You Will Know Us By The Trail of Dead
Publicada por Ricardo de Magalhães à(s) sábado, fevereiro 13, 2010
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