E eis que a mulher aparece dentro da sombra,
largando o sangue entre as árvores, e é o seu
corpo visível que se transforma e se deixa levar
pela noite, esquecendo que a sua alma está
presa ao homem que a algemou para sempre.
Não é ela que eu vejo, espanta-se o pedreiro.
E as mãos dele enlouquecem até à exaustão.
Uma coisa nada humana sai do tronco de um
sicômoro. É a mulher esvaindo-se na cinza,
uma borboleta esmagada por um cilindro.
Porque era tarde demais e o amor do homem,
tal como as aves, morreu com o esplendor
das últimas uvas.
Jaime Rocha
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Noah and the Whale
Publicada por Ricardo de Magalhães à(s) quarta-feira, novembro 04, 2009