terça-feira, 14 de abril de 2009

Sparrow House



Este homem não tem nada que fazer

sabe dizer poucas palavras

leva nos seus olhos colinas e sestas na relva

Vai em direcção a algum lugar com um pacote debaixo do braço

em busca de alguém que lhe diga "entre"

depois de ter engolido o pó

e o estridente apito dos comboios

depois de ter visto a lista de empregos nos jornais

Não deseja mais do que descansar um por um os seus poros

Há tanta solidão a bordo de um homem

quando apalpa os seus bolsos ou conta os frangos assados nas vitrinas

ou na rua os cavalinhos que fazem a chuva feliz

E dentro da tibieza as bocas sorriem à meia-noite

algumas se beijam e entesouram desejos

outras mastigam chicletes e brincam com as chaves

Crescem os bosques de ídolos

e o caçador se faz cobrar pela sua melhor peça



Mario Rivero

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