Ai daquelas marquesas
nas páginas da história reclinadas
Nunca cruzei na rua os olhos com os vossos
à superficíe do tempo
Quem hoje isolará dos dias o vosso sorriso?
Não são vossas as mãos que abrem as janelas
e deixam cair pássaros na rua
dos panos que empregais para limpar o pó
Não repetis o milenário gesto de vir
pela manhã deixar o lixo à porta
Vós que abríeis antes os lençóis da aurora
como as tendas de salomão erguidas
no planalto da nossa admiração
vejo-vos em tardes rubras brilhar
sobre um altivo mar de esquecimento
Ai que foi feito de todas essas grandes marquesas?
Ruy Belo
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Deerhunter
Publicada por Ricardo de Magalhães à(s) quarta-feira, junho 24, 2009