Acendem-se
as mulheres sobre as tarolas aflitas
da seara as mais antigas
as que vão à janela
despedem-se antes do beijo
assentando o láudano nas cesuras infectas.
entreolham-se.
e passam a mão nas cãs e nas estrigas obsoletas
da madrugada.
e arqueiam o corpo sobre o corpo
obsoleto da aluvião.
correram muito muitas eras dando à luz na noite.
depois
depois de regressadas
às velhas casas
atearam o pânico nas leiras
e o riso no corpo.
e acreditaram ser possível rir infinitamente.
agora não.
estão como entontecidas estranhas mães de dezembro
lambendo nos pés a febre.
Pedro Gil-Pedro
sábado, 30 de maio de 2009
Cruzumana
Publicada por Ricardo de Magalhães à(s) sábado, maio 30, 2009