segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Two Gallants



Ontem à noite sonhei que paria cachorros,

Cachorros teus que vendia em auto-estradas desertas.

Paria sem ventre sem estômago cheio de caprichos benzidos.

Sem maçãs vomitadas à meia-noite.

Paria cães húmidos que limpava com os teus panos sujos,

Toalhas rotas de hotéis onde nunca estivemos.

Despertei com a tua ausência tão mal sintonizada como sempre,

Como sempre repleta de café morno queimando os meus sonhos.

E fria a noite, húmida a almofada.

Não descias a mim para me abraçar,

Caminhavas com pedras nas botas,

Com a gravata atada pela cintura.

Com pulsações prenhes de areia molhada

destruías o nosso rasto.

Ladra a tua voz de novo nos espelhos, hoje.



Celia Léon

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