segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Crystal Stilts



Ouvi falar de gente civilizada,
os matrimónios temperados por conversas, elegantes e
honestos, racionais. Mas tu e eu somos
selvagens. Tu chegas com um saco,
entregas-mo em silêncio.
Sei logo que é Porco Moo Shu pelo cheiro
e percebo a mensagem: dei-te imenso
prazer ontem à noite. Sentamo-nos
tranquilamente, lado a lado, para comer,
os crepes compridos suspensos a entornar,
o molho fragrante a escorrer,
e de esguelha olhamos um para o outro, sem palavras,
os cantos dos olhos limpos como pontas de lança
pousadas no parapeito para mostrar
que aqui um amigo se senta com um amigo.



Sharon Olds

sábado, 29 de agosto de 2009

Andrew Thorn



Podemos ficar sentados a noite inteira
à espera de um sinal que nunca chega,
podemos num desespero sem nome perder
o gosto de tudo, enquanto o eu permanece
brilhante, estupidamente brilhante,
a sussurrar-nos ao ouvido a desgraça;
podemos, numa lufa-lufa, ir de filme
em filme, de livro em livro, como quem
sem terra procura uma casa, um lugar
a que possa chamar seu, onde tenha os seus
pertences e tempo para rir e tempo para
se aborrecer. Podemos ter pena de nós próprios,
podemos viver.



Carlos Bessa

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Foge Foge Bandido



Aqui a acção simplifica-se
Derrubei a paisagem inexplicável da mentira
Derrubei os gestos sem luz e os dias impotentes
Lancei por terra os propósitos lidos e ouvidos
Ponho-me a gritar
Todos falavam demasiado baixo falavam e escreviam

Demasiado baixo

Fiz retroceder os limites do grito

A acção simplifica-se

Porque eu arrebato à morte essa visão da vida
Que lhes destinava um lugar perante mim

Com um grito

Tantas coisas desapareceram
Que nunca mais voltará a desaparecer
Nada do que merece viver

Estou perfeitamente seguro agora que o Verão
Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas
Ardem no meu coração as estações
As estações dos homens os seus astros
Trémulos de tão semelhantes serem

E o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegria

E esse fogo nu que pesa
Torna a minha força suave e dura

Eis aqui a amadurecer um fruto
Ardendo de frio orvalhado de suor
Eis aqui o lugar generoso
Onde só dormem os que sonham
O tempo está bom gritemos com mais força
Para que os sonhadores durmam melhor
Envoltos em palavras
Que põem o bom tempo nos meus olhos

Estou seguro de que a todo o momento
Filha e avó dos meus amores
Da minha esperança
A felicidade jorra do meu grito
Para a mais alta busca
Um grito de que o meu seja o eco.



Paul Éluard

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Skewer



Just when hope withers, the visa is granted.
The door opens to a street like in the movies,
clean of people, of cats; except it is your street
you are leaving. A visa has been granted,
"provisionally"-a fretful word.
The windows you have closed behind
you are turning pink, doing what they do
every dawn. Here it's gray. The door
to the taxicab waits. This suitcase,
the saddest object in the world.
Well, the world's open. And now through
the windshield the sky begins to blush
as you did when your mother told you
what it took to be a woman in this life.


Rita Dove

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Thomas Feiner & Anywhen



Hoje só fotografei árvores,
Dez, cem, mil.
Vou revelá-las à noite.
Quando a alma for câmara escura.
Depois vou classificá-las:
Segundo as folhas, os anéis dos troncos,
Segundo as suas sombras.
Ah, como as árvores
Entram facilmente umas nas outras!
Vejam, agora só me resta uma.
É esta que vou fotografar outra vez
E vou observar com assombro
Que se parece comigo.
Ontem só fotografei pedras.
E a pedra afinal
Parecia-se comigo.
Anteontem — cadeiras —
E a que resultou
Parecia-se comigo.

Todas as coisas se parecem terrivelmente
Comigo...

Tenho medo.




Marin Sorescu

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Matthew Herbert



Hoy que has vuelto, los dos hemos callado,
y sólo nuestros viejos pensamientos
alumbraron la dulce oscuridad
de estar juntos y no decirse nada.

Sólo las manos se estrecharon tanto
como rompiendo el hierro de la ausencia.
¡Si una nube eclipsara nuestras vidas!

Deja en mi corazón las voces nuevas,
el asalto clarísimo, presente,
de tu persona sobre los paisajes
que hay en mí para el aire de tu vida.



Carlos Pellicer

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

b fachada



Chega de mar. Já vimos mar que chegue.
Ao entardecer, quando deslavada a água se estende
e esfuma no nada, o meu amigo olha-a fixamente
e eu fixo o meu amigo e nenhum de nós fala.
Chegada a noite, acabamos por nos fechar nos fundos duma taberna,
perdidos no meio do fumo, e bebemos. O meu amigo tem sonhos
(o bramir do mar torna os sonhos um tanto monótonos)
em que a água é apenas o espelho, entre uma ilha e outra,
que reflecte colinas salpicadas de flores selvagens e cascatas.
Quando bebe, dá-lhe para isso. De olhos postos no copo,
vê-se a erguer colinas verdejantes sobre a planura do mar.
As colinas, a mim agradam-me; e deixo-o falar do mar
porque a água é tão clara que se vêem mesmo as pedras do fundo.

Eu, o que vejo é só colinas, e enchem-me o céu e a terra
com as linhas nítidas dos seus perfis, distantes ou próximas.
Mas as minhas são agrestes, estriadas de vinhedos
que crescem penosamente num solo calcinado. O meu amigo aceita-as
e quer vesti-las de flores e frutos selvagens
para nelas descobrir, entre risos, raparigas mais nuas que os frutos.
Não é preciso: aos meus sonhos mais agrestes não falta um sorriso.
Se amanhã, cedinho, nos metermos ao caminho,
poderemos encontrar nessas colinas, no meio das vinhas,
uma rapariga de pele morena, tisnada pelo sol,
e, talvez, metendo conversa, comer-lhe algumas uvas.




Cesare Pavese

sábado, 22 de agosto de 2009

Ida Maria




The just man followed then his angel guide
Where he strode on the black highway, hulking and bright;
But a wild grief in his wife's bosom cried,
Look back, it is not too late for a last sight

Of the red towers of your native Sodom, the square
Where once you sang, the gardens you shall mourn,
And the tall house with empty windows where
You loved your husband and your babes were born.

She turned, and looking on the bitter view
Her eyes were welded shut by mortal pain;
Into transparent salt her body grew,
And her quick feet were rooted in the plain.

Who would waste tears upon her? Is she not
The least of our losses, this unhappy wife?
Yet in my heart she will not be forgot
Who, for a single glance, gave up her life.



Anna Akhmátova

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Centro-matic



Quando os teus olhos absorvem
todas as cores da minha
mais íntima tristeza,
e compreendes e calas e prometes
um lugar qualquer na tua alma,
e a tua voz demora a regressar
ao neutro compromisso das palavras,

sei que as tuas mãos ajudariam
a limpar estas lágrimas antigas
por dentro do meu rosto.



Victor Matos e Sá

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Kumpania Algazarra



Eu falo de quem fala de quem fala que estou só

Eu sou apenas um pequeno ruído eu tenho vários em mim

Um ruído amassado gelado na intersecção das ruas

despejado no pavimento húmido aos pés dos homens

precipitados correndo com as suas mortes

À volta da morte que estende os seus braços

Sobre o relógio sozinho respirando ao sol.



Tristan Tzara

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pistolera



Quem escreve é a solidão. Se cresce tanto
que a espessura analítica do sono
liberta o tempo, nos ajusta o braço
à infalível mecânica em que formos

ouvindo apenas o que opera ao alto
de estarmos tão perdidos que nem somos.
Só escreve a solidão. Nós escutamos
ranger o eixo numeral em torno

do qual a solidão se desenfreia
e, tão dentro de si, se consolida
que a rotação alisa o ouro à ideia

que canta a transparência conseguida,
à luz da solidão, escrevemos
o esquecimento do que nunca temos.


Fernando Echevarría

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Luísa Amaro



Mãe, eu quero ir-me embora — a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram —
se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.

Mãe, eu quero ir-me embora — os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim — tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.

Mãe, eu quero ir-me embora — nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames pelo meu nome, não me peças que fique —
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-me
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito
como uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.

Mãe, eu vou-me embora — esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua — a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste que um dia chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar.





Maria do Rosário Pedreira

domingo, 16 de agosto de 2009

We Are Scientists






Olhas para ele divertida e convidas-te a um copo.
Se a sua história fosse boa,
se tratasse de uns homenzecos sujos,
de drogas ou de hotéis vermelhos como um corno,
de uma morte não explicada
ou de uma vida inexplicável,
a coisa, querido, mudaria.
Mas não. O pacóvio palra e palra de Acapulco,
canta Aznavour com voz de franciscano.
Eu sou, atira-te, gémeos, e tu,
espera querida, espera, tu és touro.

Assim é como o gajo
consegue uma queca lá na tribo dele.

Com isto do amor, digo-lhe por coqueteria,
vai bem o bâton gretado,
os parques remotos, o cigarro sozinha,
as luas amolgadas,
os carros espatifados.

Levanto-me para comprar Gauloises.
Deixo-o com os olhos
afundados no copo
ainda mais turvo que os meus olhos.
Já na rua,
penduro-me de um catalão
E trauteio esta canção de Piquer:
E ele veio num baaarco…




Violeta C. Rangel

sábado, 15 de agosto de 2009

Cold War Kids



Onde tu pousas as mãos,
naturalmente
eu vou pousar as minhas. Um silêncio
faz-se pela casa, uma luz coada vem da janela
e cobre os móveis de uma poalha
doirada. Os objectos estão quietos
como nunca.

Onde tu pousas as mãos,
onde tu pousas mesmo se brevemente as mãos,
torna-se íntima a percepção que se tem de cada hora,
de cada amanhecer,
de cada exacto momento. O entardecer
é só um vasto campo que se abre,
um rumor de folhas que restolham no jardim.

Escrever é ler,
ler é escrever - eu sei isso
porque em cada sítio onde [do meu corpo] tu pousaste as tuas mãos
ficou escrito - eu vejo-o: nítido -
sobre o mais frágil espelho dos sentidos, uma palavra que se lê
de trás para diante. Quando te deitas eu sinto-lhe o perfume,
que é o da noite que entra pela janela.

E onde tu pousas as tuas mãos faz-se um rio
de prata e de quietude mesmo nas minhas mãos
que pousam onde as tuas foram antes procurar
a quietude, procurar as tuas mãos. São exactas as tuas mãos,
são necessárias, têm dedos
que são os filamentos de gestos que descrevem na penumbra
desenhos tão perfeitos que surpreendem.

Onde tu
pousares as tuas mãos
eu quero estar.
Exactamente como a sombra
cai na sombra. A água
na água. O pão
nas mãos.



Bernardo Pinto de Almeida

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Starlight Mints



Tento empurrar-te de cima do poema
para não o estragar na emoção de ti:
olhos semi-cerrados, em precauções de tempo,
a sonhá-lo de longe, todo livre sem ti.

Dele ausento os teus olhos, sorriso, boca, olhar:
tudo coisas de ti, mas coisas de partir...
E o meu alarme nasce: e se morreste aí,
no meio de chão sem texto que é ausente de ti?

E se já não respiras? Se eu não te vejo mais
por te querer empurrar, lírica de emoção?
E o meu pânico cresce: se tu não estiveres lá?
E se tu não estiveres onde o poema está?

Faço eroticamente respiração contigo:
primeiro um advérbio, depois um adjectivo,
depois um verso todo em emoção e juras.
E termino contigo em cima do poema,
presente indicativo, artigos às escuras.



Ana Luísa Amaral

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

British Sea Power



Em teu macio olhar repousa o meu.
E na face polida, assim formada
se reflecte e recria o próprio céu.


Daniel Filipe

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ron Sexsmith



sós com a nossa loucura e a flor preferida,
vemos que não há mais nada sobre que escrever.
ou antes, é preciso escrever sobre as mesmas coisas de sempre,
do mesmo modo, repetindo vezes sem conta as mesmas coisas,
para que o amor continue e a pouco e pouco vá mudando.

colmeias e formigas têm de ser eternamente reexaminadas
e a cor do dia aplicada
centenas de vezes e variada do verão para o inverno
para que o seu ritmo desça ao de uma autêntica
sarabanda e ela aí se feche sobre si mesma, viva e em paz.

só nessa altura a crónica desatenção
das nossas vidas nos poderá envolver, conciliadora
e com um olho posto naquelas longas opulentas sombras amareladas
que falam tão fundo para o nosso mal preparado conhecimento
de nós próprios, máquinas falantes dos nossos dias.





John Ashbery

terça-feira, 11 de agosto de 2009

The Cribs



dizes-me que a cama do teu quarto
está por fazer que saíste e todas
as lojas estavam fechadas hoje


é domingo que ontem sábado dissemos
muitas coisas muito amor gin beijos
se terei um pouco de pão ou de ternura

para te emprestar




Pablo Garcia Casado

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

The Spinto Band



o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvorese
nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade


José Luís Peixoto

domingo, 9 de agosto de 2009

Yourself and The Air



El aire es fresco, frío, por la calle.
Aposté mi fortuna a un solo envite
creyendo, apresurado, que tenía
los naipes de escalera de color.

Y resultó un farol al enseñarlos.

Nunca podré tener acceso al podio.
No es válida la entrada que poseo.
Toda mi vida he estado en la estación
donde no pasa el tren que yo aguardaba.


José María Fonollosa

sábado, 8 de agosto de 2009

The Hold Steady



se regressar, será aos teus olhos que regresso.
os acasos ardem nos lábios dos amieiros que na margem do rio
aguardam que regresse. a isso regresso, buscando
coincidências e nomes, razões. afasto-me
provavelmente de ti, embora secretamente.

é por isso estranha a forma como os acasos ardem
para sempre. a outro rio e sob outras sombras
regresso, devagar para não ferir o que antes amei
e por quem morri muitas vezes. agora de novo morro

e por outro rio regresso até ao lugar onde elas, as aves,
nascem para não desaparecerem. e isso é como permanecer.



Francisco José Viegas

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Musee Mecanique



Escuta, Deus gos­ta de tudo o que tu gostas — e de uma quantidade de coisas que tu não gostas. Mas, mais do que tudo, Deus gosta de ad­miração.
Estás a dizer que Deus é vaidoso? pergunto.
Ná, diz ela. Não vaidoso, apenas quer partilhar uma coisa boa. Acho que Deus fica lixado quando passas pela cor púr­pura num campo qualquer e não dás por isso.
Que faz ele quando fica lixado? pergunto.
Oh, faz qualquer outra coisa. As pessoas acham que agra­dar a Deus é só o que Deus quer, mas qualquer idiota que viva neste mundo pode ver que ele também está sempre a tentar agradar-nos.
Sim? pergunto eu.
Sim, diz ela. Está sempre a fazer-nos pequenas surpresas quando menos esperamos.
Queres dizer que Ele quer ser amado, exactamente como diz a Bíblia.
Sim, Celie. Tudo neste mundo quer ser amado. Nós canta­mos e dançamos, fazemos boquinhas e damos ramos de flo­res, para ver se gostam de nós. Nunca viste que as árvores fa­zem tudo o que fazemos, menos andar, para atraírem, a nossa atenção?


Alice Walker - A Cor Púrpura

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Elysian Fields



Estoy desnudo ante el agua inmóvil. He dejado mi ropa en el
silencio de las últimas ramas.

Esto era el destino:

llegar al borde y tener miedo de la quietud del agua.



Antonio Gamoneda

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

bueno.sair.es



Se eu pudesse dar-te aquilo que não tenho
e que fora de mim jamais se encontra
Se eu pudesse dar-te aquilo com que sonhas
e o que só por mim poderá ter sonhado


Se eu pudesse dar-te o sopro que me foge
e que fora de mim jamais se encontra
Se eu pudesse dar-te aquilo que descubro
e descobrir-te o que de mim se esconde


Então serias aquele que existe
e o que só por mim poderá ter sonhado



Ana Hatherly

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cut Copy



It’s deep into the night. You must have gone to bed.
The Milky Way lit up in celebration.
No need to rush. I have no reasons left
to stir you with the lightning of communications.
So to say, the incident dissolved.
The love boat smashed against reality.
We’re even. And we should absolve
mutual hurts, grudges and anxieties.
What eerie silence, as if the world went numb.
The sky bequeathed to us its constellations.
In moments like these I’d like to be the one
with centuries, and history and the creation.



Vladimir Maiakovsky

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